E o vento levou…

Projetos de energia eólica afetam comunidades rurais no Ceará
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Os projetos de energia eólica no Ceará têm causado graves problemas para as comunidades rurais. A destruição é ambiental, social e cultural. As promessas de emprego e desenvolvimento na região não se confirmam. O que tem ocorrido é que agricultores e agricultoras são obrigados a deixar a terra onde vivem e de onde tiram seu sustento e de suas famílias. Muitos têm que abandonar também grandes conquistas, como é o caso das tecnologias de convivência com o Semiárido, como as cisternas de placa ou calçadão.

O Fórum Microrregional de Convivência com o Semiárido Região da Ibiapaba e Litoral Oeste do Ceará se reuniu no dia 27 de novembro com o objetivo de refletir sobre os impactos trazidos pelo processo de implantação dos parques eólicos. Na microrregião da Ibiapaba são atingidos, atualmente, os municípios de Tianguá, Carnaubal, Ibiapina, Ubajara e Viçosa do Ceará. Neudenis Albuquerque, integrante do Fórum, acredita que, em breve, os oito municípios da microrregião serão atingidos.

No dia 29 de novembro, o Fórum visitou a comunidade de pescadores da Praia de Xavier, situada no litoral do município de Camocim. Lá, os estragos já são grandes. O alardeado desenvolvimento, porém, não chegou. As casas continuam sendo iluminadas por lamparinas. De acordo com os moradores, o projeto não foi discutido com a comunidade. O pagamento pelo arrendamento da terra parece sedutor, pois os valores são altos. A grande questão é que os agricultores e agricultoras não têm o titulo da terra, então, ficam sem nada. Sem lugar para morar e produzir.

Esse é o caso de outra comunidade, Lagoa do Américo, localizada no município de Carnaubal.
Além da situação das famílias, outra preocupação que o Fórum explicita é com relação à desertificação e à desvirtuação das práticas de convivência com o Semiárido, que vêm sendo construídas na Região a partir dos projetos e tecnologias sociais desenvolvidos por organizações, redes e movimentos sociais.

Há pouco mais de 10 dias, a comunidade Xavier viveu um dia de terror. Uma grande explosão seguida de incêndio em uma das torres assustou os moradores. Segundo eles, até o momento, a empresa não revelou as causas do incêndio.

O projeto de energia eólica levou, ainda, a exploração sexual para a comunidade de Xavier. Vários são os casos de adolescentes grávidas e abandonadas por funcionários das empresas responsáveis pela implantação do projeto. “Filhos do vento” ou “filhos das eólicas”: assim são chamadas essas crianças.

O Fórum, juntamente com organizações da sociedade civil e movimentos sociais, entende que é necessário e urgente provocar o debate e promover momentos de reflexão sobre a questão e mais amplamente sobre o modelo de desenvolvimento que não prioriza os sujeitos e seus contextos.

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