Tecnologias sociais e desenvolvimento local
Como estabelecer relações entre tecnologias sociais e desenvolvimento local para além dos efeitos visíveis das experiências que estão nos territórios? Como articular essas experiências com uma idéia mais ampla de desenvolvimento? Foi com esses questionamentos que Rodrigo Fonseca, analista da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), iniciou sua apresentação na mesa “Tecnologias sociais e desenvolvimento local”.
Para Rodrigo, as estratégias de desenvolvimento local não podem ser temporárias, diante da falta de estratégias de desenvolvimento nacional. “Se não enfrentarem as ações desarticuladoras do modelo hegemônico, as iniciativas locais serão absorvidas, perdendo seus efeitos de inclusão e transformação”, alerta.
Em vários segmentos da sociedade, existe uma insatisfação com o atual modelo hegemônico de desenvolvimento, que impõe uma forma de constituição da sociedade de forma desigual e excludente. Segundo Rodrigo, é preciso construir um modelo contra-hegemônico baseado nas teorias e práticas ligadas ao desenvolvimento local, à economia solidária e às tecnologias sociais: “Trata-se de disputar a construção de relações sociais que configuram as formas de produção, organização social e uso do território, bem como a construção da base material e cognitiva”, sugere.
A economia solidária, como forma de organização da produção, está baseada na autogestão, trabalha a democracia nas cidades, a organização do trabalho e a gestão da sociedade como um todo. Já o desenvolvimento local significa a articulação entre atores, no território. Por fim, a Tecnologia Social possibilita uma nova forma de construção do conhecimento.
Quanto ao papel da Tecnologia Social nesse processo, Rodrigo ressaltou que a tecnologia é a base material e cognitiva sobre a qual está assentada a sociedade. Atualmente, a organização social está baseada no uso de aparatos tecnológicos e conhecimentos cada vez mais complexos. Para um modelo alternativo de desenvolvimento, também é preciso uma outra forma de construção da tecnologia. “Dentro da área de C&T, o senso comum acredita que a ciência é neutra e está ligada aos cientistas. Esses são dois mitos. Ciência e tecnologia são construções sociais. Podemos, então, orientá-las com distintos valores e intencionalidades”, defendeu.
O gerente da unidade de desenvolvimento territorial do Sebrae Nacional, Juarez de Paula, concorda com Rodrigo quanto ao papel do desenvolvimento local, da economia solidária e das tecnologias sociais como movimentos que expressam, de algum modo, a capacidade de se contrapor à ordem dominante.
Em sua apresentação, Juarez elencou mais quatro idéias ligadas às “Tecnologias sociais e desenvolvimento local”. Primeiramente, é preciso entender o debate que dá origem ao conceito de TSs. A partir de 1850, tem início a sociedade industrial, caracterizada pela busca do progresso material e ilimitado. Nos últimos dois séculos, a sociedade tornou-se mais complexa, mais produtiva e com maior poder d