Encontro Microrregional do Vale do São Francisco é realizado em território indígena
Cerca de 60 pessoas participaram do Encontro Microrregional do Vale do São Francisco que foi realizado nos dias 03 e 04 de setembro, na reserva indígena Xakriabá, na Aldeia Barreiro Preto, em São João das Missões, no Norte de Minas Gerais. O encontro faz parte da articulação do Fórum de Desenvolvimento do Norte de Minas – Fórum Norte.
Entre os participantes, estavam jovens estudantes, professores e lideranças indígenas Xakriabá, bem como representantes de outras populações tradicionais e movimentos sociais, como quilombolas, pescadores, vazanteiros, sindicatos de trabalhadores rurais, a Comissão Pastoral da Terra, o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), o Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA-NM), a Cáritas Diocesana de Januária, entre outros.
Durante o encontro, foram abordados vários temas relacionados à realidade de cada movimento. Essa análise evidenciou algumas lutas em comum como a luta pelo território, pela garantia da vida e por um desenvolvimento sustentável. Para a professora indígena Xakriabá, Eliane Correa da Cruz, o encontro foi muito proveitoso. “A minha perspectiva é que ele venha propiciar momentos de lutas conjuntas, visando o desenvolvimento popular norte mineiro”, diz.
Durante o debate, foi levantado que uma grande dificuldade enfrentada é a falta de reconhecimento pelos próprios povos tradicionais e movimentos sociais de seus objetivos em comum. Isso os mantém isolados e os torna invisíveis aos grandes projetos de desenvolvimento, que visam apenas o lucro de poucos e não contemplam os agricultores familiares.
Um tema bastante discutido foi a luta dos povos tradicionais por seu território. É o caso do povo Xakriabá, que tem uma história marcada por chacinas de lideranças e, até hoje, sofrem perseguição e discriminação pela persistência na luta de ampliação do território, que atualmente conta com aproximadamente 9.000 índios.
Após a socialização das lutas, os participantes concluíram que quando os grupos e movimentos ganham visibilidade, reúnem parceiros e unem-se em um só objetivo, eles se fortalecem. Sueli de Jesus, professora indígena Xakriabá, espera que a partir deste momento as organizações possam se reunir e fortalecer cada vez mais a luta. “Não só os indígenas, mas os quilombolas e outros grupos, que estão por aí com lutas particulares, mas que juntos venha a ser uma luta coletiva”, espera a professora.
As reuniões da microrregião do Vale do São Francisco são itinerantes para promover a socialização da realidade e lutas locais. A próxima reunião foi agendada para o início de 2010, no município de Bonito de Minas. Para o Cacique Agenor, da Aldeia Rancharia, foi muito bom acontecer esta reunião na reserva, pois muita gente tem uma visão negativa dos Xakriabá. “Acham que somos violentos e selvagens, mas muitas pessoas já nos olham com outros olhos e esclarecem aos outros as nossas qualidades. Nós também conhecemos melhor a história de luta de outros grupos e trocamos experiências.”
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