Oficina debate importância das sementes crioulas
Diversas entidades da sociedade civil participaram da Oficina de Sementes Crioulas que discutiu a importância do armazenamento dessas sementes no Semiárido. O evento foi realizado durante os dias 27 e 28 de agosto, no Auditório da APAEB, em Serrinha, na Bahia. As sementes crioulas, que também são conhecidas por outros nomes como sementes da paixão, nativas ou da terra, garantem ao agricultor a segurança de conhecer a semente que está plantando e a qualidade da safra que vai colher.
Durante a oficina, os participantes discutiram a importância de potencializar as experiências já existentes, como os bancos de sementes familiares e os comunitários. Foram apresentadas as ações de valorização das sementes que já vêm sendo desenvolvidas pela Rede Parceiros da Terra (REPARTE), o Movimento de Organização Comunitária (MOC), a Fundação de Apoio aos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares da Região do Sisal (FATRES), a Associação das Cooperativas de Economia Familiar e Solidária (ASCOOB), e a APAEB Serrinha e da Fundação Apaeb de Valente.
O coordenador executivo da Articulação do Semi-Árido Brasileiro (ASA Brasil), Aldo Santos, avalia a socialização das experiências como um dos momentos mais importantes da oficina. “Percebi que aqui a dinâmica de guardar as sementes já existia, há um jeito de cuidar independente das organizações, um potencial, e talvez o papel destas entidades seja o de animar, provocar o encontro dessas experiências, despertar para um olhar sistêmico do crédito, produção, e da assistência técnica” afirma.
Após o debate inicial, os grupos se dividiram para conhecer as experiências de Seu Alexandre, da comunidade de Boa Vista II, e de Dona Tereza, da comunidade do Canto, ambas em Serrinha. Seu Alexandre mostrou como faz o armazenamento das sementes em sua propriedade, e a forma diversificada de plantação. Uma das sementes apontadas por ele como a semente da terra é a do “feijão mulata gorda”, procurada por muitos agricultores na comunidade.
Antes de participar da visita de campo, o agricultor Sebastião Celestino, que mora na Fazenda Ipoeira, em Serrinha, confessa que pensava diferente sobre aquisição de sementes. “Entendi que ter as sementes crioulas é uma batalha pela qualidade da semente.”, ressalta o agricultor.
Os participantes saíram da oficina com o compromisso de fortalecer o debate sobre as sementes crioulas. Para o técnico do MOC, Wellington da Silva Oliveira, uma das principais ações é o olhar para dentro das próprias organizações. “Esses dois dias foram interessantes porque a gente vai voltar para as instituições com a meta de fortalecer internamente essa discussão e colaborar para que a Comissão de Sementes busque, juntos aos agricultores, consolidar políticas públicas de incentivo”, afirma o técnico.
As entidades irão realizar diagnósticos nas comunidades em que atuam, assessorar e sensibilizar as famílias para organização da produção e das formas de armazenamento das sementes. A ideia é propor uma política pública de incentivo à preservação das