Agricultores do Nordeste relatam efeitos das mudanças climáticas na região
![](https://enconasa.asabrasil.org.br/wp-content/uploads/2009/07/Seu_Antonio_Ouricuri.jpg)
A escassez de chuvas e aumento das temperaturas são apontados como principais impactos
O uso desenfreado de dióxido de carbono e outros gases na atmosfera como fonte de energia para as indústrias e para os veiculos tem sido uma das principais causas do aumento da temperatura no planeta. De acordo com o Greenpace, somente no último século, a Terra ficou 0,7º C mais quente, alterando o clima em todo o mundo e provocando catástrofes ambientais como secas, enchentes e furacões.
O agricultor Antônio Viana da Costa, do município de Ouricuri, no Sertão do Araripe pernambucano, vem percebendo há algum tempo os impactos causados pelas mudanças climáticas na sua região. Segundo ele, as chuvas passaram a ser irregulares desde 1980 em diante. Nos últimos cinco anos, o agricultor faz um balanço de quanto choveu na região.
“Em 2004, choveu 50 dias no Araripe. Perdemos o milho e o feijão que plantamos porque enquanto estava chovendo grosso não dava para cortar a terra nem de boi. Em 2005, choveu menos que 2004, 90%. Em 2008 choveu 60 dias. De agosto, por aí assim, as águas dos barreiros pequenos começaram a se acabar. Aí temos que buscar água em poço ou em grandes barragens, que estão poluídos. Veja como são as mudanças que nós estamos tendo lá!”, relata Seu Antônio.
Segundo o agricultor, a principal fonte de poluição na região é a fumaça que sai dos fornos das calcinadoras do Pólo Gesseiro, formado por mais de 100 empresas. A madeira utilizada para alimentar os fornos é retirada da caatinga sem manejo adequado e, muitas vezes, até de forma clandestina.
“A poluição do Araripe que nós consideramos a pior é a do Pólo de Gesso. Ela dá emprego? Dá. Ninguém pode dizer que não dá porque é o sustendo de vida de Trindade. É uma cidade nova e é o lugar melhor de emprego que existe na região, mas também melhor de poluição do que Trindade não existe!”, relata Seu Antônio. “À noite, em Araripina, o povo precisa bater os vidros do carro, senão não agüenta. Porque elas [as empresas do Pólo Gesseiro] deixam para queimar a madeira à noite. Eu não sei como o povo mora num lugar daquele!”, complementa o agricultor.
Se por um lado, em alguns lugares, as chuvas estão cada vez mais escassas, em outros municípios elas têm aumentado e, em alguns casos, se concentram em determinados meses do ano, como aconteceu no município de Santa do Ipanema, Alagoas.
“Em Santana do Ipanema, normalmente, temos uma média pluviométrica anual de 900 milímetros, mas só no mês de maio [deste ano], choveu 416 [milímetros]. Então isso causou transtornos na região. Ninguém jamais poderia imaginar tanta água caindo dentro de um só mês”, conta Jivaldo dos Santos, mais conhecido como Túlio.
Ele também relata que em alguns lugares do estado que já eram quentes, as temperaturas se elevaram. “No municí