Convivência com o Semi-Árido Nordestino Brasileiro: O Programa Um Milhão de Cisternas

A sociedade está cada vez mais debatendo sobre a crise ambiental que incide sobre a Terra. É um assunto recorrente que vincula inúmeras questões conjuntas como desenvolvimento econômico entrelaçado por outros temas como água, meio ambiente, sustentabilidade, pobreza e questões demográficas.
Dentre o conjunto de elementos que compõem os recursos naturais, a água vem ganhando mais notoriedade frente à sua contaminação e/ou poluição. Este recurso é muito importante para a vida dos animais, pois dependem dela para a respiração, a digestão e a reprodução e o mesmo vale para o ser humano, afinal, a água é elemento essencial à vida.
Na região Nordeste, as questões voltadas ao uso água é um dos aspectos que mais se destacam. É um fenômeno que vem se agravando com a crise ambiental global e que configura as formas de ocupação da região, seja por limitar ou desenvolver uma estrutura favorecida pelas políticas de uso da mesma.
O relato de períodos de secas no Nordeste do Brasil remonta o século XVI sendo uma constante na literatura a abordagem sobre esse fenômeno histórico e a convivência de grande parte do povo nordestino com ele. Uma das mais catastróficas secas foi a de 1877, ceifando cerca de 500 mil vidas. O Império, governo da época, adotou algumas atitudes como a implementação de sistemas de irrigação, construções de açudes e a elaboração de outros tantos projetos. Muitos não saíram do papel ou foram mal realizados.
Deste período citado aos dias atuais são inúmeras as grandes secas ocorridas, sempre com um viés desastroso principalmente para as camadas populacionais menos abastadas. Sua perpetuação, a indústria da seca, tem sido assunto de outros tantos debates, fóruns, seminários, campanhas políticas, livros, artigos científicos, etc.
Ano após ano, governo a governo, atribui-se a seca como o ponto delimitador ao desenvolvimento da região nordestina. As ações costumeiras são as distribuições de cestas básicas e uso de carro-pipa que, muitas vezes, são insuficientes para sanar a demanda de água da população. Como conseqüência, a cada ano a dependência a essas medidas persiste, visto que são paliativas.
Essas ações apenas amenizam a falta de água, entretanto não modificam a situação de quem mais sofre com esse problema, a população rural, o que acaba por ter influência nas populações urbanas, com o avanço do êxodo rural e o inchaço das periferias das grandes cidades. Ao invés de melhorar a situação da população o que se percebe é uma estagnação quando o assunto é estabelecer políticas públicas que dêem novas possibilidades ao sertanejo de conviver com seu entorno.
Mais recentemente, as ações ditas de combate a seca têm dado lugar a um novo paradigma: os planos de convivência e mitigação dos efeitos da seca. Dentre alguns existentes, o Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC), da Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA) vem se notabilizando por sua aplicabilidade simples e uma ação difusa.
A ampliação do Progra