Intercâmbio de experiências: lugar de construção e troca de conhecimentos e de protagonismo dos agricultores e agricultoras
Em 1997, o agricultor Z+ Alves Leal, do S+tio Floriano, no munic+pio de Lagoa Seca-PB, participou de um encontro em Orob?, no munic+pio de Bom Jardim, em Pernambuco, onde teve a oportunidade de conhecer a mucuna (leguminosa) e o feij-o de porco, tamb+m conhecido como adubo verde. De volta a sua cidade, ele fez quest-o de experiment+-los em sua propriedade e socializar o conhecimento com os demais agricultores da regi-o.
A hist?ria acima faz parte da din+mica dos interc+mbios de experi+ncias, que s-o espa+os de troca de id+ias, opini+es, constru+-o de conceitos, hip?teses e motes para novas experimenta++es. Eles podem acontecer de comunidade para comunidade, munic+pio para munic+pio e at+ entre estados.
Seu Z+ Leal j+ perdeu a conta de quantas pessoas – entre agricultores, t+cnicos e estudantes da regi-o e de outros estados como Par+, Bahia e Sergipe + j+ recebeu em seu+ s+tio. Numa dessas visitas, ele lembra como se fosse hoje o quanto os agricultores de Matinhas-PB ficaram admirados com sua experi+ncia de plantar, numa mesma +rea, a laranja consorciada com o feij-o. +Mas Z+ leal como + que pode? A gente pra comer feij-o tem que comprar porque planta no meio da laranja e ele morre!+, indagaram os visitantes, conta o agricultor.
A assessora t+cnica da AS-PTA (Assessoria e Servi+os a Projetos em Agricultura Alternativa), Adriana Galv-o, afirma que a pr+tica + realizada h+ muito tempo pelas fam+lias agricultoras. +Quando elas [as fam+lias] trocam suas sementes, mudas, plantas medicinais e todo o conhecimento sobre como e quando plantar, como utilizar determinada planta, ou como fazer um ch+, est-o realizado um processo de interc+mbio+.
Segundo ela, pode-se dizer que a evolu+-o da agricultura no tempo se fez pela troca de experi+ncias. E o papel das organiza++es de assessoria hoje + intensificar essas rela++es de intera+-o horizontal, +criando novos espa+os, fomentando novas redes de agricultores, oferecendo suporte metodol?gico para que possam melhor comunicar, aprender e ensinar+, afirma a t+cnica da AS-PTA.+
Nesse contexto, o Programa Uma Terra e Duas (P1+2), da Articula+-o no Semi–rido Brasileiro (ASA) + uma das iniciativas que t+m contribu+do de forma significativa para o fortalecimento e o fomento das redes sociais de troca de experi+ncias. Na sua fase demonstrativa, foram realizados 144 interc+mbios. Para o projeto piloto, que est+ previsto para iniciar em abril, est-o previstos 26 interc+mbios interestaduais e 52 intermunicipais.+
Para Adriana Galv-o, ao colocar as experi+ncias no centro do processo, os conhecimentos postos em debate t+m se mostrado ser insumos excepcionais para a constru+-o de novos conhecimentos e tamb+m para a constru+-o de um outro projeto de desenvolvimento para o Semi–rido.
+Ao ser concebido como um programa de forma+-o baseado nos processos de troca horizontal, al+m de favorecer o protagonismo e o empoderamento dos agricultores e agricultoras, o P1+2 tem contribu+do, inclusive, com uma discuss-o metodol?gica e o papel desempenhado pelos agricultores, agricultoras, entidades de assessoria e organiza++es da agricultura familiar na constru+-o de projetos de desenvolvimento local+, disse Galv-o.
Seu Z+ Alves sabe bem disso e justifica: +A nossa escola n-o + s? o livro. A agricultura tem muito que nos ensinar e a gente nunca termina de aprender. No nosso brejo + um trabalho, aqui [em Araras], que + mais agreste, j+ tem diferen+a. E quando voc+ vai para o Amazonas? Rio Grande do Sul? Paran+? + tudo diferente! A gente, -s vezes, nem conhece -s arvores. Aqui [as +rvores] t+m um nome, l+ tem outro. Aqui<