Em defesa da verdade e do Natal
A mobilização da sociedade e do sentimento de responsabilidade e justiça impedirá que Geddel Vieira Lima transforme o Natal de 2007 em uma Sexta Feira da Paixão.
O Natal que preparamos é uma festa de confraternização, na qual os cristãos se reconhecem como membros da família humana, em torno de um menino, nascido na pobreza e humildade, mas que traz mensagens radicalmente novas ¿ a de que todos os homens são filhos de Deus e o poder dos homens deve ser colocado a serviço do próximo, especialmente dos mais necessitados. Na Sexta Feira da Paixão nos solidarizamos com o sofrimento de um homem que, por encarnar verdades inconvenientes para os poderosos e estar disposto a ser fiel a elas até as últimas conseqüências, foi submetido à tortura e à morte na cruz.
A ferocidade e a intransigência de Geddel Vieira Lima colocou a probabilidade de, na véspera de Natal, D. Luiz Cappio estar no 18o dia de jejum, no limite da resistência humana, à beira da morte.
O apoio dos movimentos sociais, a ação do Ministério Público e do Judiciário, a mediação de seus irmãos de fé e dos homens de boa vontade impedirão que isto ocorra.
A solidariedade a D. Luís exige resposta aos pronunciamentos do Ministro tentando desqualificá-lo.
Não analisamos os aspectos técnicos e econômicos da transposição ¿ muitos especialistas já demonstraram que existem alternativas mais eficazes e baratas. Respondemos à tentativa de desqualificação do líder religioso e democrata.
Geddel, com a arrogância dos incientes, afirma que, ao fazer seu ¿protesto¿, D. Luís não é bispo, não é pastor, não é líder espiritual. Para Geddel, isto seria provado pelo fato de outro bispo discordar de D. Luís. Ignora que, na Igreja Católica, o cume da hierarquia é o bispo, e que ele faz parte de um colegiado, onde um não é superior aos outros, ainda que todos reconheçam a primazia do Bispo de Roma. Na época da ditadura militar, governistas também apostaram na divisão chamando a atenção para os bispos que lhes pareciam mais cordatos.
Diante das greves de fome dos presos políticos, em 1978/79, também tentaram mostrá-las como pecado, porque o cristianismo condena o suicídio. A Igreja descartou a alegação, lembrando que a greve de fome não visava à morte, mas era uma luta por mais vida. Hoje, D. Luís não quer a morte, e sim vida para o rio e o povo nordestino.
O Ministro repete os militares e os conservadores, dizendo que a Igreja não se deve meter em política e pior: se o bispo quer atuar politicamente, que ele funde um partido e se candidate. A história já mostra que, na democracia, os partidos são um canal, mas não o único, e nem sempre o melhor.
Além de tentar-lhe retirar o caráter religioso, Geddel acusa D. Cappio de inimigo da democracia, pois esta não se pode curvar à vontade de um só homem. Alguém acredita que o bispo é o único a se opor à