Um Frei, duas igrejas, um pecado
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O ato de jejum e oração permanentes em que se encontra Frei Luís Cappio há 15 dias em greve de fome, clamando pelo arquivamento definitivo do Projeto de transposição das águas do São Francisco, faz aflorar muitas águas, em analogia à profusão de posturas e comportamentos que eclodem num turbulento momento da vida política, espiritual e cidadã do povo brasileiro.
Diante da atitude do Frei, o Presidente Lula se apressou em dizer que preferia dar ¿um caneco d¿água para 12 milhões de nordestinos a optar pela vida de um Frei¿. A conduta revela postura profundamente contraditória e equivocada que parece partir de um pressuposto: o governo federal considera Frei Cappio um adversário político depreciável e perigoso inimigo público. Pior, aposta em que o povo brasileiro vai se render mais uma vez a seus populismos redutores das grandes questões nacionais e permanecer indiferente a duas tragédias nacionais iminentes: a morte do Frei e a Transposição das águas do São Francisco.
Todo esse cenário nos leva à discussão dos atos, mas sem deixar de lado os fatos que os motivam. Nunca em seus clamores pela abertura de diálogo o Frei pôs como condição que alguém renunciasse a suas idéias ¿ pelo contrário, acreditou que se poderia avançar para uma solução, ao final de um amplo diálogo entre as partes e com a sociedade brasileira. Dessa forma, nunca foi colocado como ¿condição¿, a exigência dessa aproximação, nem muito menos que as partes renunciassem a suas posições.
O dado mais relevante das primeiras reuniões que governo e setores em oposição à obra efetivaram, foi a abertura em se aprender com o outro.
Infelizmente o diálogo foi inviabilizado e paralisado diante do processo eleitoral que se instalou. Mas a principal lição que aprendemos, foi a de que seria demasiado, esperar que o Presidente fosse capaz de compreender posição oposta à sua.
Dessa forma, a transposição se efetiva como uma obra autoritária, quando por sua magnitude e pelo porte dos investimentos (cerca de 6,6 bilhões de reais), mereceria um amplo debate nacional em que a população brasileira debatesse, opinasse, sugerisse. No entanto, ela é autoritariamente imposta, sendo construída, nessa fase inicial, através do Exército Brasileiro. Foi em vista disso, que Frei Cappio retomou o jejum: por ter sido enganado. Não apenas ele, mas toda a sociedade brasileira. O governo não correspondeu aos compromissos que firmou, àquilo que pactuou: não abriu um amplo diálogo nacional para ver as melhores alternativas para o Semi-Árido brasileiro.
À intransigência governamental somam-se outras: a do profundo silenciamento da imprensa diante desse debate e a de setores da Igreja, a exemplo do Arcebispo da Paraíba, Aldo Paggotto, presidente do Comitê Paraibano pela Transposição das Águas do Rio São Francisco e também uma prova inconteste de que os ¿vendilhões do Templo¿ ainda habitam a casa do Senhor. Estes setores, favoráveis à transposição, ainda que recriminando a at