Em Caetité, 16 famílias agricultoras esperam pela chuva para encher os barreiros-trincheira
A comunidade Fundo de Várzea, na zona rural de Caetité, município ao sul da Bahia, recebeu 16 barreiros-trincheira, que acumulam água da água para a produção de alimentos e criação animal e que integram o conjunto de tecnologias sociais que captam e armazenam água da chuva para uso em épocas sem chuvas (verão) ou estiagens prolongadas. As 16 famílias agricultoras contempladas com os barreiros-trincheira aguardam as chuvas para início da produção de alimentos e criação de peixes, que já ocorre nos tanques naturais.
De uso familiar, a água estocada nos barreiros ajuda a criação de quintais produtivos no cultivo de legumes, verduras, frutas, plantas medicinais, na criação de aves e pequenos animais. São tanques longos, estreitos e fundos escavados no solo. As tecnologias são construídas através do Programa Uma Terra e Duas Águas, da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA Brasil).
A implementação das tecnologias começa com o envolvimento das famílias, escolhidas pela Comissão Municipal da ASA. É importante a sensibilização delas para entenderem a tecnologia, perceberem que o barreiro não foi dado e sim conquistado pelo direito que possuem de ter acesso à água. Participando de uma capacitação promovida pelo P1+2, a família aprende novas técnicas para melhor usar a água armazenada e aprimorar seus cuidados com o solo.
Um momento importante para que o barreiro-trincheira funcione bem é a escolha do local, que deve ser em um terreno que tenha de 4 a 5 metros de profundidade, com terra impermeável, de barro ou piçarra, para segurar a água da chuva. Segundo o animador local, Leonardo Brito esta escolha é “bem cuidadosa, para encontrar os locais certos e não ocorrer problemas depois. Aqui em Fundo da Várzea temos um solo resistente e favorável para os barreiros, um dos poucos lugares da região que pode receber o barreiro”. Locais com areia não são adequados, pois não conseguem armazenar por muito tempo a água.
Depois de seis anos que recebeu a cisterna de 16 mil litros que guarda água da chuva para consumo humano, Teresa, Osvaldino e a neta Aline acabam de receber em seu quintal um barreiro. D. Teresa diz que “a água é para plantar tomate, chuchu, abobrinha, cebola, maxixe, aipim. Tudo pra gente comer”. A família também pretende continuar a criação de galinhas e peixes. “Agora é aguardar as chuvas que, com fé em Deus, não demoram a chegar!”, assegura a agricultora.