Na roça de agricultora familiar do Sertão de Pernambuco até morango nasce
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Dona Eliete e seus pés de morango em pleno sertão pernambucano | Foto: Carolina Barros |
Serra da Baixa, comunidade situada no município de Ipubi, onde vive Dona Eliete de Brito, casada, mãe de três filhos e agricultora familiar. Há alguns anos, ela vem descobrindo e aprendendo novas formas de desenvolver as potencialidades de sua propriedade, e com isso, aproveitar os próprios conhecimentos para melhorar a forma de cultivar a terra e estocar água e alimentos. Assessorada pelo Projeto Dom Helder Câmara, através do Centro de Habilitação e Apoio ao Pequeno Agricultor do Araripe (Chapada), desde 2011, a agricultora vem se mostrando como um exemplo de como é possível viver com qualidade no meio rural.
Quem visita a propriedade, fica maravilhado com a quantidade de hortaliças, frutas, tubérculos, raízes e leguminosas. Na roça de Dona Eliete não faltam batatas, cenouras e nem beterrabas. Coentro, alface e rúcula tem de sobra, sem contar com a berinjela, o pepino e as plantas medicinais.
Como ela consegue produzir isso tudo? Uma das respostas está na estocagem da água, armazenada pela cisterna-calçadão, uma tecnologia do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), da Articulação no Semiárido (ASA), que tem capacidade para guardar até 52 mil litros. Com a água do reservatório, foi possível fazer, bem pertinho de casa, ao lado da cisterna, uma horta repleta de alimentos saudáveis. Mesmo durante a estiagem e com chuvas esparsas, a agricultora consegue manter o canteiro sempre verdinho e com uma diversidade de produtos agroecológicos.
A novidade é que nos últimos tempos, Dona Eliete está empenhada em inovar na produção. Próximo à cisterna, tem um canteiro suspenso onde Eliete está cultivando morangos. A plantação virou um sucesso. “Só faço regar duas vezes por dia, pela manhã e à tarde. Aqui são produzidos cinco quilos da fruta por semana, nunca para de produzir. Com quatro meses, ela floresce e começa o ciclo novamente. Meus netinhos quando acordam correm pra cá”, conta orgulhosa.
A dificuldade de acesso à água não deixou de ser um desafio para agricultora, pois em tempos de escassez de chuvas, ela tem que comprar água para manter a produção. “Compro água com o dinheiro que consigo da venda de meus produtos na feira de Serrolândia, em Ipubi”, explica. A comercialização é suficiente para incrementar a renda da família. Como Dona Eliete já tem clientes fiéis, quando o/a consumidor/a não está na feira, vai até a propriedade dela para não ficar sem os alimentos de qualidade.
“Meus fregueses dizem que minha verdura passa 15 dias sem estragar, fico feliz com esta aprovação”, diz. O sucesso da experiência tem como base as boas práticas desenvolvidas na propriedade, através de técnicas como a rotação de culturas e o uso de defensivos naturais para combater as pragas. Dessa forma, o solo ganhou mais resistência e produtividade. Dona Eliete vez por outra também participa de intercâmbios e recebe pessoas na sua propriedade, o que amplia os saberes da família.