Agricultores e agricultoras participam de capacitação de apoio à criação de casas de sementes
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Agricultores/as participam da capacitação e Apoio a Casa de Sementes | Foto: Luciene Pereira/Arquivo Asacom |
Nos dias 27 e 28 de novembro, aconteceu na cidade de Aracatu, na região sudoeste da Bahia, a capacitação e Apoio a Casa de Sementes, realizada pelo Centro Comunitário da Paróquia São Pedro. O evento foi realizado no Centro Madre Maria Miguel e envolveu cerca de 50 pessoas, entre agricultores e agricultoras de três comunidades.
Durante dois dias, agricultores e agricultoras participaram de palestras ministradas pelo agrônomo e coordenador da Paróquia São Pedro, Dilson Novais, pelo agrônomo e gerente Regional da CAR, Élcio Rizério, e pelo voluntário e organizador das mobilizações sociais e futuro gestor ambiental, Robério Aries, que envolveu a todos/as em discussões e reflexões sobre os temas apresentados.
Temas relacionados aos bancos de sementes foram abordados, como a formação dos três bancos que serão implantados; a importância das sementes: seleção e escolhas das sementes; colheita; secagem; beneficiamento; germinação; armazenamento; doenças; insetos e pragas. Os participantes puderam compreender que a semente de boa qualidade é a base do sucesso de qualquer plantio. Além disso, foram abordados temas sobre o semiárido; ASA; P1MC; P1+2 e a troca de saberes como: intercâmbios; implementações e capacitações.
A estocagem de semente garante futuros empréstimos, trocas ou doações para as famílias que pretendem fazer parte de um banco comunitário. A expectativa é de que serão implantados três bancos de sementes na Bahia, sendo um na comunidade Jibóia, no município de Aracatu, que será coordenado pelo agricultor Nelson de Sousa. O outro na comunidade Mateiro, no município de Maetinga, administrado por Antoniel de Lima, e na comunidade Lagoa Grande, município de Presidente Jânio Quadros, que será coordenado pelo agricultor Antenor Barbosa.
Os participantes relataram a importância destes bancos de sementes e do resultado. Ao fazer parte de um banco, os agricultores têm uma garantia maior, não só pela estocagem, mas também pela interação com outras localidades e outras famílias. Os coordenadores falaram sobre como vão executar os bancos de sementes. “Ao chegar a nossa comunidade vamos reunir e discutir, passar para as outras famílias o que aprendemos aqui, assim como selecionar as sementes, tipos, variedades, plantios coletivos e fazer mutirões”. Os grupos ainda propuseram guardar as sementes em silos de 30 litros, livre de qualquer produto químico e também destacaram a importância de se ter uma balança.“Sempre guardei minhas sementes. Tenho uma mesa no depósito com vários tipos de sementes, dois tipos de feijão, milho, maxixe, abóbora, melancia e gergerlim”, disse Nelson de Sousa.
O palestrante Élcio Rizério ressaltou a importância das sementes, tipos, seleção e como guardar as que tem melhor evolução. Na ocasião, foram exibidos os vídeos sementes da paixão e bancos de sementes. Além disso,foi aberto um espaço para debate e todos/as puderam se engajar no assunto.
No final da tarde do primeiro dia foram distribuídas mudas da planta gliricídia, árvore nativa da América Central, que se adaptou muito bem as condições climáticas do semiárido brasileiro. A gliricídia destaca-se por apresentar rápido crescimento, alta capacidade de regeneração, resistência à seca, se reproduzir de forma sexuada (por semente) e assexuadamente (por estacas). A espécie vem sendo explorada como forrageira, caracterizando-a como uma opção econômica de alimento para a produção animal, pelo alto valor nutritivo, como produtora de estacas vivas e, ainda, como alternativa energética.
No segundo dia, o palestrante Robério Aires, voluntário e organizador das mobilizações sociais, lançou perguntas para a plenária, fortalecendo a troca de saberes e da agricultura familiar para proporcionar a construção de conhecimentos, valores, experiências, competências, habilidades ambientais e favorecendo assim a consolidação da sustentabilidade. Ele destacou o quanto é de fundamental importância o envolvimento de todos para que as propostas apresentadas sejam realmente desenvolvidas para beneficiar a comunidade, visando à formação das três futuras Casas de Sementes. Garantindo,assim, a sustentabilidade das sementes nativas.