Famílias recebem tecnologias de armazenamento de água e participam de capacitação em Pedro II
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Capacitação ajuda as famílias no manejo da água para produção de alimentos| Foto: Paula Andreas |
Dezoito famílias rurais das comunidades Alto Alegre, Olho d’Agua dos Paulinos, Barroca e Buriti Grande dos Café, de Pedro II, no Piauí, participaram no ultimo fim de semana de uma capacitação sobre uso e gestão de água para produção de alimentos. Essas famílias serão beneficiadas com as cisternas-calçadão, através do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2). A capacitação possibilita aos beneficiados, entre outras coisas, aprender a manejar a água de modo racional para garantir que ela dure durante todo o período de estiagem.
Participar da capacitação em Gestão de Água Para a Produção de Alimento é um dos requisitos para que a família possa receber a cisterna-calçadão, porque além de conhecer as tecnologias do P1+2, a ASA e todo processo de mobilização para a convivência com o Semiárido, elas se familiarizam com implemento, aprendem técnicas para potencializar o uso da água e ainda conhecem outras experiências que deram certo e que transformaram a realidade a partir do Programa.
O curso também aborda a questão da água na região semiárida, partindo das várias formas de usos, armazenamento e manejo das águas disponíveis nos sistemas produtivos familiares. O objetivo é mostrar as iniciativas de estocagem para usos múltiplos. O solo, sua preservação e técnicas agroecológicas que visa à produção de alimento respeitando o meio ambiente, também foram discutidas. Esses assuntos serão detalhados em um segundo encontro que será realizado com as famílias, o chamado Sistema Simplificado de Irrigação para a Produção de Alimento.
Para o agricultor Aureliano Pinheiro, da comunidade Alto Alegre, encontros como esse são proporcionam experimentar novas experiências. “É bom porque a gente tira dúvidas, conhece outras coisas e fica mais atento para outros assuntos que a gente não conhecia”. Já a agricultora Maria da Conceição Lima deu um depoimento emocionado sobre a expectativa de mudança de vida que a água poderá proporcionar à família. “A gente já sofreu muito nesta vida, morando em terra alheia, sendo expulso… Agora que ajeitamos um cantinho só falta mesmo a água, porque nosso quintal hoje é lindo, mesmo carregando água na cabeça. Imagine quando nós tivermos água em casa?” complementa.
O depoimento da agricultora enriqueceu ainda mais o encontro. Ela, mesmo sem saber, é uma adepta da agricultura orgânica, não usa veneno e aproveita o que a natureza oferece para enriquecer o cultivo no quintal de casa. “Bom, essas coisas vieram da necessidade. A gente só tinha um pedaço de terra, o solo lá todo mundo dizia que era ruim, então a gente coloca os restos de folha e mato nas raízes das plantas. Fomos adubando o local e hoje lá se produz o que quer, só não produzo mais por falta de água mesmo”, explica Maria da Conceição.
O Programa
O P1+2 é uma ação da Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) que na região norte do Piauí é desenvolvido pelo Centro Regional de Assessoria e Capacitação (Cerac). O objetivo é fomentar a construção de processos participativos de desenvolvimento rural no Semiárido brasileiro e promover a soberania, a segurança alimentar e nutricional e a geração de emprego e renda às famílias agricultoras, através do acesso e manejo sustentáveis da terra e da água para produção de alimentos.
A tecnologia
A cisterna-calçadão é uma tecnologia que capta a água de chuva por meio de um calçadão de cimento de 200 m², construído sobre o solo. Com essa área do calçadão, 300 mm de chuva são suficientes para encher a cisterna, que tem capacidade para 52 mil litros. Por meio de canos, a chuva que cai no calçadão escoa para a cisterna, construída na parte mais baixa do terreno e próxima à área de produção.