Encontro Estadual de Agricultores/as Experimentadores/as do Ceará visita aldeia indígena dos Tapuya Kariri

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Cortaram os galhos, mas esqueceram de cortar as raízes
Por esse motivo ainda existem os Tapuya Kariri 
na Serra da Ibiapaba

Um dos intercâmbios vividos pelos participantes do II Encontro Estadual de Agricultores e Agricultoras Experimentadores, realizado pelo Fórum Cearense pela Vida no Semiárido (FCVSA) e pela Articulação Semiárido Brasileiro (ASA Brasil), aconteceu na Aldeia Gameleira, localizada entre os municípios de São Benedito e Carnaubal, na região da Serra da Ibiapaba, no Ceará.

Luís Marcos, Cacique | Foto: Mayara Albuquerque / Arquivo: IAC

Na Aldeia Gameleira vivem cerca de 200 famílias indígenas da etnia Tapuya Kariri. Essas famílias são marcadas por uma história de luta constante pela sua terra e por seus direitos. Pouco a pouco as conquistas vão aparecendo. Em regime de mutirão, a comunidade construiu a sede da Escola Indígena Francisco Gonçalves de Sousa (Chico Paizé), que hoje conta com 21 professores indígenas e cerca de 170 estudantes, dos ensinos infantil e fundamental I e II.

O grupo do intercâmbio com 20 pessoas, entre agricultores\as e técnicos foram recebidos na escola pelos professores\as, estudantes e também por Luís Marcos, cacique da tribo e Neguinho, vice-cacique, que contaram a história de luta e resistência da comunidade ao longo dos anos. Todos\as juntos dançaram o toré.

As crianças tinham a letra e a melodia das canções na ponta da língua, pois aprendem ali mesmo na escola os costumes e as tradições de seu povo.

Falando sobre os imensos desafios que encontram na luta pela terra, principal causa da comunidade o cacique Luís afirma: “Isso aqui não é um movimento de fracos, isso é um movimento de guerreiros que vão pra luta com a ajuda de Pai Tupã e dos Encantados”. Segundo o Pajé, Pedro da Silva, antigamente os índios não viviam tanta perseguição por conta de suas terras como agora, pois elas hoje são alvo do agronegócio presente na região. As lideranças como Pajé, Cacique, Vice-Cacique e Presidente da Associação dos moradores são sempre alvos de perseguição e ameaças.

 
 O Pajé, Sebastião Pedro | Foto: Mayara Albuquerque / Arquivo IAC

O grupo visitou ainda as Grutas dos Tapuya, cavernas espalhadas pela região que são lugares sagrados para os Tapuya Kariri, lugar de morada dos Encantados que protegem a comunidade. “Nós falamos com os nossos Encantados aqui. Essas grutas são muito valiosas.

Aqui recobramos nossas energias. Essa área é sagrada”, conta Neguinho, na visita. “Os Tapuya não bombeiam, não envergam, não desistem. São firmes na luta sempre”, é assim com essa afirmação que o cacique Luís se despede do grupo que sai de lá com o encantamento nos olhares e a inquietude nos corações.

MAIS INTERCÂMBIOS:

Sítio Recanto do Beija Flor
O intercâmbio de experiência no sítio Recanto do Beija-Flor, localizado na comunidade Ingá, em Viçosa, encheu os olhos e o coração dos que foram visitar essa experiência. A propriedade agroecológica de 2,8 hectares cuidada por Chico Antonio é um exemplo positivo de um vistoso Sistema Agroflorestal (SAF). O espaço tem 64 espécies frutíferas e 80% do que se consome no sítio é produzido lá mesmo. Foi uma manhã onde se pode andar pela agrofloresta e ver o renascimento possível de uma área que se encontrava completamente degradada há cinco anos. Entre uma e outra tangerina colhida do pé, foi possível trocar conhecimentos como o controle de insetos e doenças sem uso de agrotóxicos, espécies nativas, comercialização de produtos e agroecologia. 

Comunidades de Santo Elias, Santo Amaro e Santa Luzia
Parte da dinâmica do II Encontro de Agricultoras/es Experimentadoras/es foram as visitas a experiências produtivas. As comunidades de Santo Elias, Santo Amaro e Santa Luzia em Ubajara-CE, fizeram parte do roteiro e lá foi possível conhecer iniciativas de grupos de mulheres empreendedoras que geram renda e melhoram a qualidade de vida no campo. Um deles é formado por quinze mulheres que acessaram o PRONAF, juntaram o recurso e investiram na produção de polpa de frutas. Outro, com doze integrantes, produzem bolos de trigo, macaxeira, milho e batata, e também, pão de ló e roscas. Um terceiro grupo, com apenas três mulheres, produz cocadas. Ambas fornecem para a merenda escolar do município, para a comunidade e região conforme haja demanda.

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