Capacitação evoca a importância das Comissões Municipais no trabalho da ASA
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Capacitação das Comissões Municipais da ASA em Vitória da Conquista (BA) | Foto: Rodrigo de Castro |
“O Semiárido será abençoado porque o senhor vai derramar o seu amor…”. Embalados por esta e outras cantigas tradicionais do povo do campo, os membros das comissões executivas municipais (CEM) participaram da capacitação realizada em parceria pelo Centro de Convivência e Desenvolvimento Agroecológico do Sudoeste da Bahia (CEDASB ) e o Instituto de Formação Cidadã São Francisco de Assis (ISFA), nos dias 6 e 7 de junho, em Vitória da Conquista – BA.
Com o tema “Água de beber e água de comer: luta e mobilização pela garantia dos direitos do povo do Semiárido”, a atividade buscou suscitar um diálogo de todos os envolvidos, representantes dos municípios e integrantes das duas entidades, a respeito do real papel das CEM no âmbito da atuação da Articulação Semiárido Brasileiro, e sua importância, tanto como força de mobilização social quanto para a construção da relação entre Unidades Gestoras e as famílias beneficiárias.
O coordenador do P1+2 no CEDASB, Climério Vale, rememorou o histórico dos movimentos sociais de luta pela terra no Brasil, citando seu início com as ligas camponesas, a quase aniquilação destes movimentos pelo regime militar e sua posterior reconstrução, até chegar ao momento histórico onde se dá a constituição da ASA, destacando a presença de várias entidades da sociedade civil nessa trajetória. Para ele, o papel das comissões municipais não é diferente do papel dos diversos atores sociais atuantes em outras épocas. “O diferencial da ASA, inspirado nos movimentos camponeses, é o poder de mobilização, de organização do povo. As comissões municipais surgiram nesse contexto de horizontalizar as ações, onde todos participam, todos são protagonistas”.
Na opinião de Alba Alves, presidente do STR de Bom Jesus da Serra, “é muito valioso participar da CEM, pois estou fazendo parte da realização de sonhos de pessoas esperançosas que nunca desistiram da luta, mesmo em meio às dificuldades que elas vêm enfrentando no meio rural”.
Além da contextualização histórica e política sobre os movimentos sociais do campo e da ASA, foram apresentados os novos projetos que as duas organizações irão executar (leia mais aqui) e um panorama sobre o andamento dos projetos que estão em execução. Dentre estes, destaca-se o trabalho com Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), uma demanda histórica de agricultores e agricultoras familiares que geralmente não têm acesso aos programas de assistência técnica do governo, e cuja existência ainda não é de conhecimento de boa parte das famílias do campo.
Após a sistematização e avaliação dos projetos do CEDASB e do ISFA, a Empresa Baiana de
Desenvolvimento Agrícola (EBDA) apresentou aos presentes o projeto ‘Quintais Agroflorestais’, iniciativa que busca fomentar a agricultura familiar incentivando práticas agroecológicas. Para os técnicos da EBDA, é interessante buscar parcerias com ações bem-sucedidas como as da ASA, citando inclusive as CEM como um meio eficiente de disseminação do projeto nas comunidades rurais, facilitando o processo de identificação de famílias que poderão ser beneficiadas.
Para Eliane Almeida, coordenadora do P1+2 pelo ISFA, investir na formação dos integrantes das comissões municipais “é fortalecer a capacidade de decisão desses agentes sociais, incluindo-os mais densamente no processo de mobilização e transformação social, ao mesmo tempo os imbuindo da responsabilidade de lutar por políticas públicas efetivas para o campo”.