Aldeia Xakriabá é invadida e comunidade do Morro Vermelho ameaçada
A aldeia Morro Vermelho, no território Xakriabá, município de São João das Missões (MG) foi alvo de mais uma invasão e ameaças no dia 16 de abril. O fato aconteceu por volta das 14h quando o autor de nome “Lourinho”, irmão de um fazendeiro da região, adentrou a aldeia ameaçando a indígena Neuza Pinheiro Campos e acusando-a de roubo. O autor estava de arma em punho e dizia que o Cacique Santo Caetano Barbosa era um dos seus principais alvos e que o mesmo não perde por esperar. Ele disse ainda que já se acostumou a trocar tiros com bandidos em São Paulo e que retornaria à aldeia Morro Vermelho para terminar o serviço.
O Cacique Santo Caetano Barbosa e várias lideranças Xakriabá têm sido alvo de constantes ameaças provenientes da ira dos fazendeiros. Esta violência é denunciada constantemente às autoridades competentes, mas segundo as lideranças Xakriabá, nenhuma medida foi tomada, deixando a comunidade na mira de pistoleiros.
O ocorrido é mais um fato que se soma a várias outras situações de violência e ameaças enfrentadas pelo povo Xakriabá em função da luta travada na região pela demarcação de mais uma parcela do seu território, situação constantemente denunciada e que continua sem providências.
O Cacique Santo Caetano Barbosa conta que já perdeu a conta de quantas vezes este tipo de violência foi denunciada às autoridades. “Esta violência está diretamente articulada aos fazendeiros. Os ânimos estão exaltados e o nosso povo está insatisfeito com o que vem ocorrendo e com a falta de ação das autoridades policiais”, denuncia.
O Cacique ainda afirma que a FUNAI, juntamente com as autoridades policiais, precisam mediar e buscar uma solução definitiva para este conflito. Ele conta que o povo Xakriabá está acuado. “Somos abordados dentro das nossas casas e na cidade e ameaçados abertamente. Não aguentamos mais esta situação, não podemos continuar sendo tratados como bichos ou como presas, que podem ser abatidas de acordo com os interesses daqueles que querem nos expulsar de nosso território na base da violência. Não vamos sair daqui. Pedimos com urgência uma apuração dos fatos e a proteção da justiça antes que seja tarde”.
Em tempos não muito distantes, ações deste mesmo conteúdo que foram insistentemente denunciadas pelo povo Xakriabá e não tiveram a atenção das autoridades resultaram em grande tragédia. Em 1987, várias lideranças Xakriabá foram assassinadas, entre elas o Cacique Rosalino Gomes de Oliveira.
O processo atual é basicamente o mesmo. O povo Xakriabá reivindica, junto à FUNAI, a demarcação de mais uma parcela do seu território. Em função disto, vivem constantemente ameaçados pelos fazendeiros da região.